quinta-feira, 5 de novembro de 2020

too close to home, too near the bone

No meio do áudio ela disse em voz baixa consigo mesma, voz meio aguda e nasalada, meio angustiada, meio pensativa, meu cigarro acabou, tô comendo demais..., 

Mas tão suave, suave como só um pensamento suave pode ser. Mesmo carregando uma ideia naturalizadamente obscura. Acabou. O acabar, o finire, a frustração laureada do 'não tem mais' por trás de um 'acabou' muito maior do que o tabagismo. Um empoeirado que acabou antes desse acabar. Mesmo assim estático, silencioso e abafado. No entanto, macio. 

Ela deve ter dito aquilo enquanto estava andando na cozinha procurando algo pra comer sem encontrar mais nada. Eu sei. Eu fui. Tenho sentido. Sentirei. E serei.

É uma (re)memoir... um expectro de mim mesma numa estranha, é confortante porque familiar, mas incômodo porque familiar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente minha insignificância