sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Alguns túmulos.


'Mais do que lágrimas, quero uma canção suave.
Mais do que tristeza, me dê um pouco de calor.'

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Me pegue, divida em duas partes desigualmente e enterre a maior: É assim que me sinto. Tão longe e ao mesmo tempo presente. Tenho vontades de tantas coisas mas elas não me são possíveis, porque a outra parte está enterrada. A parte que insiste. A parte que luta sem se render. O que resta só aceita, só consente, só respira. Ama por instinto apenas porque a parte consciente não levou junto o coração.  Amo  porque é única coisa que sei fazer direito, mas ainda sim haverão os erros. Porque se tem uma coisa da qual estou bastante longe, é da perfeição. Guardo comigo a minha casca de mágoas, solidões e ressentimentos. Por fora deixo a alegria e bom-senso.   Mas a casca é fina e frágil, e a minha segunda metade está bem enterrada.  Me pergunto se algum dia ela desenterrará.

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Sobre o túmulo dela, ele se ajoelhou e pôs as mãos no mármore frio.

-Todo o meu sofrimento acaba aqui.

Todo o seu sofrimento, suas angústias, seus ciúmes e possessividade haviam chegado ao fim. Ela estava ali, abaixo da terra. E lá não haveria nenhum um outro para beijar suas lágrimas quando ele não estivesse, ou acariciar o rosto de porcelana. 'É melhor abaixo do que acima da terra' - Ele pensou. Ninguém mais a teria. No entanto, algo estava errado.

Vazio.

'Ninguém mais a teria.'           Então ele compreendeu.

Nem ele.

- E toda a minha felicidade também. 

Chorou pela primeira vez em mais de uma década, e por toda a sua existência vazia.

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'Como sanar esta profunda dor, se sinto correr pelas minhas veias sua respiração?
Como acalmar essa profunda obsessão? Como eu explico a minha alma que tudo terminou?'

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