segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
mesma madrugada
Entra madrugada, sai madrugada. Toda noite os mesmos dilemas: Rivotril ou Passiflora, será que preciso acordar tão cedo, não descongelei nada para o almoço, se eu acordar uma hora mais cedo consigo ler um pouco, logo mais Laika vai chegar e as coisas vão ser mais trabalhosas, não tem um jeito de viver sem trabalhar, deve existir algo que eu goste de fazer, não tenho mais tempo para as coisas que eu gosto de fazer, eu deveria me dedicar mais ao trabalho, eu me sinto tão sozinha, mas ao mesmo tempo que me entusiasmo com as soluções me sinto deprimida por encontrar essas únicas soluções, tenho 9 compromissos de pelo menos 15 anos, não importa se 7 estão porta a fora, ainda são minha responsabilidade; eu me sinto tão sozinha. Troco cartas com um amigo imaginário, escrevo diálogos com outro, falo comigo mesma em lugares variados, as vezes me perco, as vezes não me reconheço. As vezes o barulho estridente da furadeira me lembra os azulejos quebrados e costurados de clara, lembre-se, lembre, lembrar, o que. às vezes o café parece auto-ajuda misturado com cocaína, me sinto poderosa e que todos os meus problemas na verdade são menores do que parecem, a cafeína vai embora e o meu humor também, a realidade vem a tona em paletas sombrias: na verdade eu já não sei mais o que fazer, me resumi à uma casa, aos meus bichos, à alguns livros e aos meus monólogos solitários. As dosagens esparsas de alegria tem seus minutos contados, na verdade ela já chega avisando, olha, é só um pouquinho, viu. A paz que eu não sei mais sentir relampeja nas retinas de outras pessoas em um final de semana como esse, que por sinal, já acabou.
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