terça-feira, 12 de maio de 2015

passarinho

Sou uma profusão de sentimentos, uma bagunça. Quero esquecer, mas é quando mais lembro. Tenho mais de vinte livros novos para ler - sou impulsiva - mas nenhum agora me interessa, nenhum me prende, nenhum me preenche. Escolhi os livros errados. Ou esse é momento errado da minha vida. Serei mais introspectiva: Escolhi os livros errados ou esse é o momento errado da minha vida? Ano passado foi puro caos, pura orgia mental, puro caso psiquiátrico, puro desespero. E esse ano que mal começou é pura nostalgia, puro cigarro atrás do outro.  Esse ano foi surpresa para todos: a burguesinha bancada conseguiu um emprego sozinha e saiu de casa pra desespero da grande parte. Mas porque as realizações não me preenchem...? Cadê quem importa para que eu possa compartilhar o fato e assistir ambas alegrias genuínas? 

A luz do meu banheiro queimou. Durmo à luz de velas negras e morro de medo de procurar saber o que acender uma vela dessa cor significa (nessas horas sou pura estética). Não durmo sem alguma luz acesa - tenho medo. Sou eu, minha gata e eu nessa casinha de dois andares de um interior onde tudo fica muito escuro e silencioso depois das vinte e três. Chego do trabalho depois da meia-noite, e tudo que eu desejo é alguém na minha cama de casal onde diariamente o casal sou eu. Essa é uma das novinhas cobiçadas da cidade: "a gringuinha", "o passarinho". E mesmo assim... E mesmo assim. É difícil ter tanto amor pra dar e não querer dá-lo à ninguém, guardar tudo pra uma pessoa só, um caso perdido, dois casos perdidos. Gente que já tá longe de corpo e alma. Gente que já tá com outra gente. E assim vou eu perdendo os meus amores e os meus amigos, tudo porque eu sou eu. E ninguém tem pena de me deixar por causa da certeza de que sou amada por todo mundo e nunca vou ficar sozinha.  Mas a certeza é deles. E só deles. 

As vezes fico contente. Fico contente quando recebo um beijo no rosto de alguém que aprecio; quando recebo uma gorjeta de mais de cinco reais; quando o bônus da noite é dez ou quinze; quando é dia da minha folga; quando minha gata se aninha por mais de três minutos no meu peito. Mas isso tudo é tão vago... é como se todos os meus momentos fossem puro cinza e tivessem alguns picos de algo bom. Nunca, nunca mais tive alguma crise de felicidade. É duro pensar sobre isso, é duro pensar sobre quando foi última vez. Será que isso é coisa minha, é particular, ou coisas de quem anda crescendo...? Não consigo pensar em algo que me traria esse efeito, a não ser... 

Não.

(and you bleed just to know you're alive) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente minha insignificância